Veja como cultivar a alegria no dia a dia

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Vez ou outra, principalmente quando conheço pessoas novas, ouço que aparento ser muito alegre. É que estou quase sempre sorrindo, achando graça em toda a vida, praticando gentilezas, tentando encontrar maneiras de bendizer até os momentos mais estranhos da caminhada. Não sei se tudo isso tem realmente a ver com a alegria, até porque me encontro e me reconheço tão bem nos meus estágios de maior melancolia.

No entanto, não posso negar nem rejeitar essas características que sempre me acompanharam, disfarçadas de insistência em achar a beleza que mora nas pequenas coisas. E isso, por si só, já me confere instantes de contentamento diante do viver.

Construindo um espaço para a alegria

A alegria, assim como a tristeza e a raiva, é uma emoção base e inerente a nós. Ou seja: buscando-a ou não, uma hora ou outra conheceremos e experimentaremos seus efeitos. Sabe aquela sensação que fica quando realizamos um projeto que desejávamos tanto? Ou quando conseguimos experimentar coisas que nos são essenciais?

Um passeio ao ar livre, um momento de descanso, aquela nossa música preferida que toca quando menos esperamos, o que sinto agora escrevendo essas palavras na certeza de que elas vão te encontrar: em tudo isso há espaço para a alegria se manifestar.

Acontece que, muitas vezes, também bloqueamos sua chegada, nos achando menos dignos dela ou nos culpando por senti-la enquanto tantas situações desagradáveis continuam girando ao nosso redor. E nos esquecemos, assim, do quão essencial ela é para o equilíbrio entre todas as nossas emoções.

É tarefa minuciosa cuidar da alegria e dar atenção a ela, permitindo que permaneça ao nosso lado pelo tempo necessário para nos ajudar a lidar com outros sentimentos que surgem quando ela vai embora. Mas como podemos fazer isso? Como abrir caminho e dar licença para a alegria descansar em nós, entre nossos conflitos internos e externos?

Emoção contagiante

Primeiro, é importante entendermos alguns efeitos mais fisiológicos da alegria. Você sabia que, quando a sentimos, estimulamos a liberação de endorfina, serotonina, dopamina e oxitocina? Esses hormônios são conhecidos também como “o quarteto da felicidade”, capazes de nos trazer sensações agradáveis de prazer, satisfação e bem-estar.

Na presença deles, é como se uma onda de boas novas invadisse o nosso corpo, trazendo uma resposta emocional positiva e contagiante. Se estamos muito felizes, emanamos essa boa energia e afetamos também quem nos cerca. O mesmo acontece quando permanecemos ao lado de quem está preenchido por essa emoção.

Na animação Divertida Mente (2015), essa ação fica bem clara. No filme, as emoções básicas (alegria, tristeza, nojo, medo e raiva) são representadas por personagens diferentes entre si. A figura da alegria é uma menina sorridente, de bem com a vida, otimista, empenhada em equilibrar o convívio com as outras emoções. Nem sempre ela consegue, às vezes passa um pouco da conta, mas é fácil percebê-la e se animar diante da sua presença.

Espalhando alegria e gentileza

“A alegria é esse movimento que nos coloca em contato com o outro. Podemos experimentá-la de diversas formas, individuais ou em coletivo. Mas ela sempre parte desse ponto de se espalhar, ainda que por meio de um sorriso ou uma palavra gentil”, pontua a educadora Marina Reis.

Uma vez por mês, Marina se transforma em Rosinha e, com o rosto pintado e um nariz de palhaço, leva um pouco de diversão e bom humor para pacientes em hospitais em Belo Horizonte. Ela me contou que enxerga a alegria como um rio, que se propaga em ondas quando atiramos uma única pedrinha.

“Um movimento nosso, uma entrega, uma gentileza, um sorriso, são capazes de melhorar a vida do outro. E, como consequência, a nossa também. Assim se propaga a onda da alegria”, explica. “Se desejamos manter a alegria por perto, precisamos andar com os bolsos cheios de pedrinhas para atirar nos rios da vida.”

A essência da alegria é a conexão, um vibrante movimento que nos une uns aos outrosImagem: Studio Romantic | Shutterstock

A mágica do singelo

Trazendo para a nossa realidade, podemos enxergar essas pedrinhas como as pequenas coisas, os hábitos miúdos que incluímos em nossa rotina, a fim de torná-la mais receptiva à alegria. Cultivar pensamentos positivos, nos atentar para a bondade que ainda existe, manter contato com aquilo que nos conecta com nós mesmos.

Por mais que as notícias negativas se espalhem com extrema facilidade, bombardeando nossos pensamentos e emoções, ainda é possível seguir semeando as coisas boas que trazemos em nós, sem nos alienar.

“Vejo alegria no passarinho que voa, no nascer do sol, no sorriso de uma senhora, vejo a alegria por estar viva e, assim, me abasteço desses instantes e sigo meu caminho relembrando deles”, afirma a psicóloga e psicanalista Tayná Amorim.

Não se trata de ser otimista a qualquer custo. Mas, quando criamos esse hábito de ver a alegria nas minúcias do dia a dia, experimentamos chances de ser mais agradecidos por nossa existência, percebendo que, mesmo com tantos motivos para nos entristecer, também há aqueles prontos a nos alegrar. “Acredito que, quanto mais descomplicamos a alegria, menos dependemos de grandiosidades para senti-la”, avalia Tayná.

O despertar para a alegria autêntica

Sabe quando a gente se enche de condicionamentos, como “só vou ser feliz se conseguir este emprego” ou “só me permitirei estar contente quando todos os problemas desaparecerem”? Perdemos a chance de experimentar os pequenos prazeres que passam por nós enquanto focamos e esperamos apenas pelas grandes realizações. Desse jeito, nos distanciamos da alegria, dando a ela o lugar das expectativas e frustrações, assumindo até uma postura meio ranzinza e desconectada da realidade.

“É fácil nos enganar com os prazeres rápidos, com relações superficiais e momentos vazios. A modernidade traz certas facilidades, mas, quando falamos de alegria, não é sobre essa euforia comum”, explica Tayná. De acordo com a psicóloga, a ideia de sermos alegres a qualquer custo ou baseando essa emoção apenas no ter diz mais sobre os estados de euforia. Aqueles passageiros, sabe? E que, quando vão embora, deixam um vazio enorme em nós.

“Dizem que a gente nunca deve dizer certas coisas no ápice da alegria ou da tristeza, pois depois podemos nos arrepender. Penso que a euforia é essa pulsão que pega apenas um momento e nos instiga a achar que estamos completos, embora, às vezes, seja só um momento”, lembra o psicólogo Dione Dias. 

Para ele, nos encantar pelas pequenas coisas é uma forma de resistência, de fazer algo por nós em meio a tantas informações que recebemos durante um único dia. “O que a gente precisa é olhar para nós e fazer algo que a gente gosta, sem obrigação, mas realizando por prazer.”

Sentir o que se apresentar

É importante lembrar ainda que, assim como as outras emoções, a alegria também é passageira. Embora convivam, uma hora ou outra alguma delas vai se sobressair e, para nós, fica a tarefa de acolher cada uma, compreendendo que é a harmonia entre o que sentimos que abre espaço para os aprendizados da vida.

“Vivenciamos muitas dores e lutas, internas e externas. Em muitos momentos, será preciso dar espaço para a tristeza, para a raiva e demais emoções que naturalmente sentimos. Isso pode ser importante para que a alegria venha depois”, pontua Tayná.

Negar o que sentimos para forçar certa alegria não é um movimento saudável e pode nos machucar, trazendo incômodos ainda maiores. Por isso, é importante nos permitir sentir, seja qual emoção for, sem pensar em certo ou errado, mas em plena consciência de que tudo é mutável e a nossa missão será sempre nos dedicar ao presente.

“É um exercício diário reconhecer nossas dores, como também nos encantar com o que nos alegra. Não é fingir que não sentimos, mas passar a considerar nossas dores e sofrimentos, assim como as alegrias e os contentamentos”, adverte Tayná.

Abra-se para a magia de sentir, deixando as emoções fluírem livremente, sem se prender a conceitos de certo ou erradoImagem: Krakenimages.com | Shutterstock

Pequenos cuidados diários e o caminho para a felicidade

Isso não quer dizer que devemos buscar a alegria com afinco ou mergulhar no medo e na tristeza como se eles fossem uma verdade absoluta. Mas é muito mais nos atentar para o que sentimos, identificar o que nos desperta certas emoções e compreender que todas elas fazem parte do que somos. Nossa, como isso ajuda! “Os contrários se complementam. Tristeza e alegria devem ser acolhidas e entendidas. Ambas nos fazem crescer se as entendermos como aprendizado”, observa Dione.

Começar por pequenos cuidados com nós mesmos, dar maior atenção à nossa mente e ao que sentimos, assim como ao que nos afeta em cada momento e em nossas relações, não vai fazer com que a alegria permaneça sempre conosco. Mas é um exercício que pode nos levar a alternativas de cultivo mais leves, harmoniosos e condizentes com o nosso viver.

“O caminho da felicidade é muito desejado, mas não existe um mapa. Encontrar o que nos alegra em cada momento de nossa vida é mesmo uma jornada individual e diária”, reforça Tayná. Aliás, essa trilha pode ser muito saborosa, se repararmos bem. É só a gente pensar: Qual pedrinha vou atirar agora no rio da vida?

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