Fechamento de grandes lojas quebra comércio na Cidade Alta

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Fenômeno dos últimos dois anos especialmente, a saída das grandes lojas da Cidade Alta traz impactos, como em um efeito dominó, para quem ainda tenta sobreviver no bairro. Comerciantes ouvidos pela TRIBUNA DO NORTE afirmam que o fechamento das chamadas lojas-âncora afugentou clientes e obrigou várias outras pequenas empresas a também deixarem a região. Passado o período crítico da pandemia de covid-19, que levou à suspensão das atividades econômicas em todo o Estado, o fluxo de pessoas em alguns pontos comérciais da Cidade Alta chegou a cair 70%, de acordo com relatos obtidos pela reportagem.

É o que afirma Márcio Flávio, que vende artigos e acessórios para celulares em um ponto na Avenida Rio Branco, principal via do bairro e que concentra grande parte dos estabelecimentos. “Essa queda aconteceu de um ano para cá, exatamente quando uma grande loja saiu daqui. O poder público precisa fazer alguma coisa para atrair esses grandes negócios, porque são eles quem trazem muita gente para a Cidade Alta”, relatou Márcio, que trabalha no local há cinco anos.

Hakeilson de Araújo é gerente de uma loja de calçados na Rio Branco. Ele trabalha no mesmo lugar desde 2007 e reclama do baixo movimento e das dificuldades atuais. “Depois da pandemia, o movimento na loja caiu entre 25% e 30%. Quando eu cheguei aqui, nós tínhamos 12 vendedores. Hoje são cinco e em datas especiais, como o Dia das Mães, a gente coloca seis. O poder público tem que olhar pelo Centro da Cidade”, desabafa.

Araújo, a exemplo de Márcio, atribui o mal momento do comércio do bairro à saída das grandes lojas. “A gente vem nadando contra a maré, porque, sem público, não há como vender. E aí, começa uma bola de neve: as vendas caem, o faturamento reduz e o quadro de funcionários diminui. A movimentação na Cidade Alta está horrível, sem nenhum atrativo. As âncoras, que movimentavam muito o bairro, foram embora. Hoje, apenas algumas agências bancárias instaladas por aqui há muito tempo é quem conseguem trazer pessoas para cá”, detalha.

Cristian Santana viu o movimento na loja que administra cair 30% depois da pandemia. O estabelecimento está há mais de 45 anos na rua João Pessoa e vende peças que fazem tributo ao rock. Santana conta que tem tentado compensar as perdas provocadas pelo baixo movimento com as vendas pela internet e defende que sejam tomadas providências para revitalizar o comércio do bairro. “É preciso que haja uma atrativo para as pessoas voltarem à Cidade Alta”, afirma.

Ana Beatriz, gerente de uma loja de calçados e moda que chegou à região há pouco mais de um ano, conta que o movimento tem crescido desde a instalação, na Avenida Rio Branco. Segundo ela, no entanto, o crescimento se deu porque o estabelecimento ainda lidava, à época da abertura, com resquícios da pandemia. Ana admite, contudo, que a fuga de pessoas do bairro é um gargalo.

“O desemprego estava muito alto quando nós abrimos, mas depois as coisas começaram a melhorar e o movimento aumentou. Mas a gente avalia que a falta de circulação de pessoas no Centro é nosso principal problema para atrair clientes hoje”, pontua.

Conforme reportado durante a visita da TRIBUNA DO NORTE ao bairro nesta quarta-feira (3), a saída de empresas da região ocorre de forma constante. “Uma loja de móveis fechou na semana passada. Outra, que funciona na esquina da João Pessoa com a Rio Branca e vendia perfumes e cosméticos, só durou seis meses. E teve uma aqui na Rio Branco, de roupas, que ocupou o prédio de uma grande loja de eletroeletrônicos, mas só durou oito meses”, detalha Márcio Flávio.

“Gestões municipal e estadual precisam se unir”

Para Delcindo Mascena, idealizador da associação Viva o Centro, fatores como a pandemia e fechamento do Beco da Lama para reforma (finalizada em dezembro de 2021) são fatores que também contribuíram para a retirada de pessoas de circulação da Cidade Alta. Além disso, as mudanças tecnológicas dos últimos tempos têm contribuído fortemente para o cenário atual. “São várias razões e as gestões municipal e estadual precisam se unir para resolver o problema”, diz Mascena.

“O crescimento do chamado comércio eletrônico, que conta com a liberação de impostos para as principais plataformas, pesa bastante para a situação”, destaca Mascena, em seguida. Alguns comerciantes ouvidos pela reportagem compartilham do mesmo ponto de vista. “Além da saída das grandes empresas do Centro, tem o comércio digital e os shoppings, que impactaram muito nessa queda de movimentação”, observa Cristian Santana, dono de uma loja de roupas na João Pessoa.

“A abertura de shoppings com lojas populares tirou muita gente da Cidade Alta”, avalia Hakeilson de Araújo, gerente de uma loja de calçados. Segundo ele, vários dos prédios fechados no bairro poderiam servir de repartição para órgãos públicos. “Temos aqui uma fonte de arrecadação de impostos e o poder público não faz nada para mudar essa situação. São muitos prédios fechados que podiam servir de sede para o próprio serviço público. Isso ia trazer gente para circular e consumir aqui”, sugere o gerente.

Delcindo Mascena, da associação Viva o Centro, diz que o uso de espaços como repartição para órgãos da iniciativa pública poderia dar uma nova cara à Cidade Alta e fomentar a geração de emprego e renda na região. “Uma opção seria levar algumas secretarias para os prédios em desuso, porque isso significa movimento para o Centro. A gente ouve falar de secretarias funcionado em lugares que não geram o emprego mesmo com as movimentações ao redor, como é o caso da pasta da Educação Municipal, que está instalada na Ladeira do Sol”, reclama.

Uma segunda media seria incentivar a presença de jovens no bairro. “É preciso induzir a população a ir ao Centro e acostumar a geração jovem a conhecer a Cidade Alta. Esse público mais novo não frequenta a região por falta de atrações”, analisa. “Não se pode esquecer do forte movimento histórico existente no Centro e que os jovens não conhecem. Trazendo esse público, o comércio volta, os pequenos restaurantes começam a vender e recomeça o ciclo de geração de emprego, renda e turismo, já que é uma área histórica com potencial para atrair quem vem de fora”, acrescenta Mascena.

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