Como a oposição a Lula se articula para próxima legislatura do Congresso

LBV CAMAPNHA

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A futura oposição ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se articula no Congresso Nacional para se contrapor ao governo petista de forma organizada e institucional. Na Câmara e no Senado, há negociações e movimentações desde novembro. Em jogo, a ambição pessoal pelos postos de liderança, o interesse em fazer um contraponto ao futuro governo Lula e a defesa do legado da gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Na Câmara, a liderança da oposição é pleiteada pelos deputados federais Carlos Jordy (PL-RJ), Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Carla Zambelli (PL-SP) e Evair Vieira de Melo (PP-ES), vice-líder do governo na Câmara.

No Senado, o atual líder do governo, Carlos Portinho (PL-RJ), é favorito para assumir o posto. A senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF) é outra candidata e se articula para isso.

A maioria dos “candidatos” quer ser líder da oposição. Mas eles também não descartam a possibilidade de assumir a liderança da minoria no Senado, na Câmara e no Congresso (são três cargos existentes). A liderança da oposição existe apenas nas duas Casas.

A liderança do Congresso atua em votações que reúnem parlamentares das duas Casas, o que envolve, por exemplo, articulações sobre os vetos presidenciais e comissões mistas, incluindo a do Orçamento. Um parlamentar cotado para o cargo é o atual ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, senador e presidente nacional licenciado do PP.

Diferentemente das disputas pelas presidências da Câmara e do Senado, não há eleições formais para a definição dos líderes da oposição e da minoria. O processo de escolha é feito internamente, nos bastidores, por quem tem mais apoio entre os parlamentares de oposição. Isso não impede, porém, que cada um se articule e peça o apoio de seus colegas.

Como está a disputa pela liderança da oposição no PL da Câmara

A disputa pela liderança da oposição na Câmara é intensa e ameaça causar um racha na bancada do PL. Segundo deputados do partido ouvidos pela Gazeta do Povo, a divisão seria fruto de uma tentativa de Eduardo Bolsonaro e seus aliados de isolar Zambelli. O parlamentar foi questionado pela reportagem, mas não respondeu.

Já a deputada rejeita o suposto isolamento. “Tenho visto na imprensa uma tentativa de me afastar do PL, mas eu não sinto isso, muito pelo contrário. O PL me trata com bastante prestígio”, afirmou à reportagem. Ela não negou estar na disputa pela liderança da oposição, mas não se manifestou sobre o assunto. Os aliados de Zambelli defendem que sua indicação é natural em razão dos votos que recebeu na eleição de outubro.

Já Carlos Jordy confirma o interesse no cargo e afirma que tem trabalhado nisso há “pouco mais de um mês nos bastidores”. “É claro que isso é tudo uma construção. A gente tem que ouvir outros parlamentares. E eu acredito que liderança da oposição tem que ser [ocupada] por um parlamentar atuante e combativo”, diz.

Jordy não cita especificamente as disputas internas, mas entende que os opositores de Lula não devem deixar que “vaidades” contaminem o processo de escolha para o cargo de líder do grupo. “Tem que ter uma pessoa que queira trabalhar nesse sentido e que arregace as mangas unindo os deputados de diversos partidos de oposição para, efetivamente, trabalhar. E para conseguir fazer com que a gente possa dar voz à grande parcela dos brasileiros que não concordam com um possível governo Lula”, diz.

A fim de apaziguar o ambiente interno, a bancada do PL trabalha para que a liderança seja rotativa, ou seja, que cada deputado ocupe o cargo por um ano. A composição é articulada junto ao líder do partido na Câmara, Altineu Côrtes (RJ), e o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto.

O deputado federal Sanderson (PL-RS), vice-líder do governo na Câmara, é outro nome citado nos bastidores, mas ele nega se movimentar para ser líder da oposição. “Não sou candidato a liderar a oposição, o partido, nem nada”, diz. Ele afirma, porém, que não negaria o posto caso fosse escolhido por Bolsonaro. “Se indicado, escolhido e homologado pelo presidente Bolsonaro, eu, obviamente, não declinaria o convite.”

Como está a articulação pela oposição fora do PL

O deputado Evair de Melo (PP-ES) também admite estar em articulações para viabilizar sua indicação ao posto de líder dos oposicionistas do futuro governo. “Estou centrado em organizar a oposição. Conversei com o Arthur [Lira, presidente da Câmara], com o Valdemar [Costa Neto, presidente do PL], com o Ciro [Nogueira] e com o Altineu [Côrtes]”, afirma. “Estou trabalhando e pedindo ‘voto’ [apoio]. Também já conversei com os deputados do PL e outros partidos.”

A articulação do vice-líder do governo não é bem vista entre alguns deputados do PL. Alguns entendem que a liderança deve ficar com alguém do partido por ser a maior bancada da Câmara. Outro motivo apontado é o apoio do PT à recondução de Lira à presidência da Câmara. Mas Evair se diz tranquilo e assegura que suas articulações são de conhecimento de Lira.

Sobre a concorrência ao cargo, porém, Melo diz que, até o momento, não viu outros deputados “pedindo voto”, como ele. O deputado afirma, inclusive, ter promovido uma reunião com “quase” 30 parlamentares. “Estou atuando na tribuna todo dia, defendendo o legado do Bolsonaro e exercendo uma oposição dura”, diz. “Vou vigiar 24 horas por dia as lambanças que o Lula vai fazer, porque já está fazendo antes mesmo de ser presidente.”

Melo promete uma “oposição implacável, programática” e estratégica contra o novo governo do PT. “O Lula tem que ficar sabendo que ele vai ter uma oposição que conhece o regimento da Câmara. Estamos com uma turma experiente. A oposição a ele não vai ser a do PSDB de dez anos atrás. Estamos estudando e nos preparando, vamos dar um trabalho maluco, vamos dar um nó regimental, não só de discurso”, diz.

O deputado Bibo Nunes (PL-RS), vice-líder do partido na Câmara, não é candidato a ser líder da oposição, mas diz o que considera como as qualidades que um candidato precisa ter para se viabilizar. “Quem quer ser líder da oposição tem que ser combativo, ter argumentos e conhecer todos os erros do governo [Lula]. Conhecer o regimento também é muito importante. Fora disso, nem se candidate”, avalia. Por isso, ele não faz objeção a candidatos de fora de seu partido, como Evair de Melo.

O deputado Marco Feliciano (PL-SP), vice-líder do governo no Congresso, considera que há predicados importantes para a disputa do cargo além do engajamento. “O bom líder não deve ser novato. Deve ser articulado e com bom trânsito entre as lideranças. Deve conhecer os caminhos do regimento e dar bem o recado, principalmente para a imprensa e população”, afirma.

O deputado Sanderson elogia os deputados Evair de Melo e Carla Zambelli, e diz que ambos são boas opções para a liderança. “Os dois falaram comigo para ver se eu os apoiaria. O Evair foi o primeiro a falar comigo, é uma pessoa fiel ao presidente Bolsonaro, um vice-líder, e vai acabar liderando essa frente. A Carla, sendo do meu partido, também é um bom nome. E o meu nome está à disposição se o conjunto dos deputados assim também entender”, afirma.

Como está a disputa pela liderança da oposição no Senado

A disputa pela liderança da oposição no Senado está menos acirrada. Após abdicar de sua pré-candidatura à presidência da Casa e selar apoio pela candidatura do senador eleito Rogério Marinho (PL-RN), Portinho diz que acordos internos sugerem que “muito provavelmente” ele assumirá a liderança da oposição.

“Estava construindo a minha candidatura, assim como o [senador] Eduardo Gomes, saímos em consenso com a união em torno do nome do Marinho, não foi difícil chegar a esse consenso, foi muito fácil, o que mostra que não tem vaidade e espaço de poder que esteja nos movendo, o que queremos é vencer e fazer as transformações que a população exige do Senado”, diz.

Dentro dessa costura, havia uma indicação de que Portinho seria indicado para presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas ele destaca ter abdicado a favor da composição com demais partidos e senadores. “Dentro dessa construção de uma candidatura, eu também me coloquei à disposição do partido para que esse espaço possa ser negociado com a adesão daqueles que acreditam nesse projeto”, diz.

Em razão de acordos, Portinho tende a ficar com a liderança da oposição no Senado. “É um posicionamento importante, acho que tenho muito a contribuir. Lógico que todos os senadores que estão conosco são importantes nesse processo, há uma liderança compartilhada desde que assumi a liderança do governo, sempre compartilhei os espaços de fala, inclusive, de condução. Se for o caso, pretendo continuar [como líder da oposição] porque acho que tenho realmente bastante para contribuir”, afirma.

A senadora eleita Damares Alves também articula o posto nos bastidores e, segundo os mais próximos, conta com o apoio de Ciro Nogueira. É dito no Congresso que o ainda ministro da Casa Civil “vai ser oposição” a Lula, e pode assumir a liderança da minoria no Congresso.

Portinho lembra que há outros espaços previstos, como o da minoria no Senado, e diz que Damares e outros senadores são muito importantes para a construção de uma oposição. “Todos são muito importante, pois não se faz sozinho uma oposição, e tem espaço para todo mundo que queira contribuir para o país fazendo uma oposição construtiva, com base, conteúdo e lógica. E Damares, por exemplo, é pessoa imprescindível no Senado, assim como senador Mourão, Heinze, Amin, e Girão. Existe espaço para todos e é muito importante que essa liderança seja compartilhada”, afirma.

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