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Deportações de imigrantes explodem no final do governo Biden, mostra relatório

O último ano registrou o maior número de deportações de imigrantes do governo do presidente norte-americano, Joe Biden, segundo relatório da Polícia de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.

Ao todo, foram deportados 271.484 imigrantes, com o país vizinho México liderando a lista (87.298), seguido por Guatemala (66.435) e Honduras (45.923). O Brasil, por sua vez, registrou a deportação de 1.859 cidadãos, o que coloca o país em 11° lugar entre as nações com mais cidadãos deportados dos EUA no ano. O número é inferior ao pico observado durante a pandemia de Covid-19, quando um total de 3.837 brasileiros foram deportados entre 2020 (1.902) e 2021 (1.935).

Em 2021, primeiro ano de Biden na Casa Branca, foram 59.011 deportações. O número aumentou ano a ano, com 72.177 deportações em 2022 e 142.580 em 2023. Já na segunda metade do mandato de Donald Trump, os números foram 267.258 (2019) e 185.884 (2020)

Segundo o último relatório, muitas das deportações em 2024 foram de pessoas que cruzaram ilegalmente a fronteira entre os EUA e o México, refletindo o desafio enfrentado pela administração de Biden ao longo da fronteira em meio à imigração recorde.

O ICE deportou pessoas de volta para 192 países diferentes, segundo o relatório. Os dados são de 1º de outubro de 2023 a 30 de setembro de 2024.

Os números representam todos os estrangeiros que perderam o prazo para apelar contra o processo de deportação e que já não têm direito a recorrer contra a expulsão do país

Há também mais de 7,6 milhões de imigrantes em processo de deportação na lista de não-detidos, segundo o documento.

O que aconteceu em 2024?

O aumento das deportações em 2024 coincidiu com a eleição norte-americana, marcada pela disputa entre Donald Trump e Kamala Harris, com vitória do empresário republicano. Durante a campanha eleitoral, políticas de deportação e controle de imigração ilegal pautaram os debates e ataques entre os candidatos à Casa Branca.

“Para muitos eleitores, a imigração era a maior preocupação no momento de escolher um candidato. Essa era uma área em que as políticas de Biden vinham sendo percebidas como ineficazes ou excessivamente permissivas. Já Trump se posicionava como alguém capaz de resolver a questão de forma decisiva. Diante da proximidade das eleições e da necessidade de mostrar resultados, Biden adotou algumas medidas”, avalia Uriã Fancelli, mestre em relações internacionais pelas universidades de Estrasburgo e Groningen.

O especialista ainda explica que em maio de 2023, após o fim da vigência do Title 42 — norma administrativa utilizada por Trump para expulsar rapidamente imigrantes na fronteira, sob o pretexto de proteger a saúde pública —, o governo Biden implementou a Circumvention of Legal Pathways. Essa política, desenvolvida para substituir o Title 42, serviu como mecanismo de restrição ao asilo, direcionado às pessoas que cruzassem a fronteira norte-americana de forma ilegal.

“Em junho de 2024, próximo das eleições, Biden assinou uma ordem executiva que limitava a 2.500 por dia o número de migrantes autorizados a entrar legalmente nos Estados Unidos para solicitar asilo. Para isso, os solicitantes precisavam agendar entrevistas por meio de um aplicativo. Quem cruzasse a fronteira ilegalmente ou não tivesse solicitado asilo em países de trânsito era sumariamente desqualificado”, explica Uriã.

Vendida como “temporária”, a iniciativa de Biden tinha o objetivo eleitoral de sinalizar controle sobre a fronteira e agradar setores conservadores. “De um lado, recebeu aplausos daqueles que defendem a restrição severa à migração; de outro, foi duramente criticada por encobrir políticas restritivas sob o pretexto de ordem e legalidade. No fundo, o decreto parecia mais uma tentativa de evitar crises de imagem do governo, feita às custas de quem buscava proteção e refúgio”, afirma o especialista.

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R7

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