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‘Brasil não tem peso para influir na guerra entre Rússia e Ucrânia’, diz Rubens Barbosa

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou ao poder focado na política internacional e tendo com um de seus principais objetivos recolocar o Brasil no mundo. Desde janeiro, quando tomou posse, realizou várias viagens internacionais e se encontrou com mais de 30 líderes mundiais. Como mostrou a reportagem da Jovem Pan, ele foi o presidente que mais viajou desde a redemocratização do Brasil. Levantamento realizado de janeiro a maio mostrou que Lula estava fora do território brasileiro em 20 de 150 dias de governo – a soma não conta a viagem recente para o Japão, Itália e França. Até quase a metade do ano, Lula havia tido mais encontros com líderes internacionais do que com representantes do Congresso. O petista, que ao derrotar Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022 recebeu o título de ‘salvador da democracia’ pela imprensa internacional, foi recentemente classificado por um jornal francês como ‘falso amigo do Ocidente’. Durante o início do seu terceiro mandato, algumas pautas foram presentes, como: Guerra na Ucrânia, o acordo entre União Europeia e Mercosul, moeda comum com a Argentina, ‘apoio’ a ditaduras e aproximação com Rússia e China. Em entrevista ao site da Jovem Pan, o ex-embaixador do Brasil em Washington Rubens Barbosa afirma que Lula começou bem e acertou nas três prioridades – retorno ao cenário internacional, colocar América do Sul em destaque e apostar no meio ambiente e mudanças climáticas -, mas avalia que falta uma visão estratégica. Leia abaixo os principais trechos da entrevista.

Como avalia os seis primeiros meses do governo Lula?

“Lula começou bem, as três prioridades que ele colocou estão corretas: volta ao cenário internacional, América do Sul como prioridade e meio ambiente e mudança do clima, tudo isso está perfeito e ele tomou medidas para isso, mas isso está sem uma visão estratégica de médio e de longo prazo do governo no planejamento e na implementação dessas políticas. Na questão de voltar a colocar o Brasil no mundo, ele escolheu a questão da guerra, e o Brasil não tem peso para influir sobre a Rússia e Ucrânia. Para eles fazerem a paz, eles que vão decidir quando vão suspender o conflito.”

Em entrevista à Jovem Pan em janeiro, Barbosa já havia declarado que não apostava na sugestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para criar um grupo da paz. Na ocasião, ele disse se tratar de um “gesto do petista de querer ter uma influência e participação, além de ser uma forma de se inserir no contexto internacional”. Porém, não acreditava que esse grupo realmente fosse ser criado – como não aconteceu até agora – e que pudesse existir alguma consequência disso, porque “os EUA não querem, a Rússia e Ucrânia não vão querer e a China vai apresentar uma proposta de paz independente desse grupo”. Os chineses apresentaram uma proposta que também não avançou até o momento.

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O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, recebe a presidente da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen, em encontro no Palácio do Planalto│WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO

O que o senhor pensa do acordo entre Mercosul e União Europeia? Acredita que será implantado até o final do ano? 

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