Os dois dias seguidos de ataques de criminosos a prédios públicos, comércios e veículos no Rio Grande do Norte deixaram prejuízos financeiros e também traumas em moradores do estado. Desde a madrugada de terça-feira (14), pelo menos 29 cidades do estado registraram ataques a tiros e incêndios orquestrados pelos bandidos.

Para além dos patrimônios públicos, entre as vítimas dessas ações criminosas estão também empresários, funcionários, comerciantes e trabalhadores autônomos.

Alguns relatam que perderam uma vida inteira de trabalho em um único ataque cometido pelos criminosos, tendo prejuízo estimado em até meio milhão de reais. Outros perderam o emprego. Há também aqueles que carregam o trauma dos momentos vividos.

‘Eu sem poder fazer nada’

Em Mossoró, segunda maior cidade do RN, o motorista Marcos César da Silva Medeiros, de 53 anos, foi abordado por criminosos armados, que mandaram ele se afastar do caminhão. Ele disse que viu quando jogaram gasolina.

Motorista autônomo viu o caminhão ser queimado em Mossoró — Foto: Isaias Fernandes/TCM

“Naquele instante, corri atrás de um extintor. Um bombeiro me arranjou. Quando eu cheguei lá, o fogo estava grande. Fiquei só olhando sem acreditar”, disse.

“Era a conquista do meu trabalho de 25 anos, que eu venho pelejando na minha vida. Eu fiquei triste em ver minha ferramenta de trabalho, o que coloca o pão na minha mesa, se acabar assim na minha frente sem eu poder fazer nada. A tristeza grande que eu passei e estou passando”.

‘Vinte anos de batalha que acabaram agora’

O empresário do ramo do turismo, José Cardoso Sobrinho, teve quatro ônibus queimados em uma garagem na Zona Norte de Natal na noite de terça (14). O prejuízo financeiro dele é estimado em R$ 500 mil.

4 ônibus de turismo foram incendiados durante a madrugada desta quarta (15) em Natal — Foto: Vinicius Marinho/Inter TV Cabugi

“Vinte anos de batalha que acabaram agora. Não tem como não ficar triste. Mas estamos aqui, em pé. Vamos ver o que vai tentar reconstruir. É difícil, não é fácil”, lamentou. “As pessoas que não têm culpa de nada é que pagam. De ontem [terça] pra cá, foram muitos carros queimados”, completou.

Um funcionário dele, Jadson Matias de Lima, também viu sua fonte de renda ruir de uma hora para outra.

“Muita tristeza. Eu tirava meu salário daí. E agora, vou tirar da onde? Ficar parado? Sem receber nada? E a luta do dono, com os quatro carros que tinha? Perdeu tudo. Só indignação agora, muita tristeza no coração. Eu dependia desses carros pra rodar. Saí da minha casa pra trabalhar, nem sabia que tinham tocado fogo, e vi a situação”.