Pequenas Indústrias relatam dificuldade de acesso ao crédito, no final de 2022

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Indústrias

O Índice de Situação Financeira das pequenas indústrias teve uma ligeira queda no quarto trimestre de 2022, se comparado ao período anterior. O indicador marcou 43 pontos, 0,7 a menos que no terceiro trimestre. Em relação ao mesmo período de 2021, ficou praticamente estável, com queda de 0,1 ponto. Os dados são do último Panorama da Pequena Indústria compilado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). 

Além disso, os empresários dos três setores da Pequena Indústria (construção, transformação e extrativa) afirmam ter encontrado dificuldade de acesso ao crédito no último trimestre de 2022, conforme explica a analista de Políticas e Indústria da CNI, Paula Verlangeiro.

“Essa questão do acesso ao crédito é um problema que sempre está presente. Infelizmente existem alguns entraves para o pequeno empresário acessar o crédito;  a questão das próprias garantias. E nesse trimestre não foi diferente. Os três setores reportaram essa dificuldade e essa insatisfação.”

Para o economista do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal, Newton Marques, a dificuldade de acesso ao crédito se deve ao receio das instituições financeiras. 

“Há uma preocupação por parte das instituições financeiras em conceder crédito, porque o risco de crédito tem aumentado bastante. Então se não existe uma linha de crédito que tenha taxa de juros favorecida e com um tipo de garantia, como fundo de aval ou algo semelhante, fica difícil para essas pequenas indústrias terem acesso ao crédito. Por isso, tem que ter um tratamento diferenciado por parte do governo federal autorizando [essas linhas de crédito]; por exemplo, o caso do BNDES e outros bancos oficiais.”

Para a CNI, o acesso ao crédito é fundamental para o desempenho das micro e pequenas empresas (MPEs), seja para a reestruturação ou para a expansão dos negócios. Por isso, o gerente de Política Econômica da instituição recomenda que esses empresários procurem orientação adequada ao buscar por financiamento ou empréstimo. 

“Conhecer bem as informações envolvidas nesse processo pode ser decisivo no sucesso da contratação do crédito e nas condições dessa contratação, em termos de taxa de juros, prazos, carências, garantias, entre outros pontos.”

A CNI e as Federações de Indústrias possuem um Núcleo de Acesso ao Crédito (NAC), que, desde 2015, contribui para o desenvolvimento do setor industrial brasileiro. O NAC fornece apoio, produtos e serviços para que micro, pequenas e médias empresas possam encontrar o caminho certo para obterem a linha de crédito mais adequada para o perfil do empreendimento. Vale destacar que o núcleo não é uma instituição financeira, portanto não fornece crédito, mas ajuda a empresa a encontrar empréstimos no mercado.

Juros e impostos

Depois de quase dois anos oscilando no top 3 dos maiores problemas da Pequena Indústria, a falta ou alto custo da matéria-prima deixou de ser um dos principais obstáculos. Nos últimos três meses de 2022, os empresários do setor reclamaram mais da elevada carga tributária e das altas taxas de juros.

Segundo a analista de Políticas e Indústria da CNI, Paula Verlangeiro, esse movimento já acontecia havia algum tempo.

“Os empresários vinham assinalando cada vez menos essa questão, mostrando que outros problemas estavam ganhando mais relevância e a falta ou alto custo de matéria-prima vinha também deixando de ter essa importância tão grande. Então, para indústria da transformação de pequeno porte, a elevada carga tributária figurou em primeira posição, e para indústria da construção de pequeno porte, as taxas de juros elevadas ganharam o topo do ranking.”

O economista Newton Marques explica que o aumento da taxa básica de juros repercutiu no setor produtivo.

“Temos visto que, com a elevação da taxa básica de juros, a taxa Selic, isso acaba repercutindo no custo da tomada de empréstimo. E a carga tributária já é algo que há muito tempo vem sendo reclamado por parte do setor produtivo. Então somente pode ser resolvido com a reforma tributária.”

O economista Felipe Queiroz ressalta que os problemas estruturais continuam existindo, apesar de perderem prioridade para a taxa de juros e carga tributária.

“Em relação à mudança de prioridade, não é que os gargalos diminuíram. É que a situação em relação ao crédito se tornou muito pior. E isso, consequentemente, faz com que o empresário ou fique desestimulado a investir, ou mesmo assim investe e tem condições muito mais adversas para manter o seu próprio negócio.”

Demanda interna insuficiente, burocracia excessiva, competição desleal e dificuldades na logística de transporte também foram apontados pelos empresários do setor como principais desafios no final do ano passado.

Confiança e perspectiva

O levantamento da CNI também mostra que o Índice de Confiança do Empresário para as pequenas indústrias recuou para 48,8 pontos em janeiro de 2023, uma queda de 1,9 pontos em comparação com dezembro. É a primeira vez desde julho de 2020 que o empresário de pequeno porte relata falta de confiança. 

Já o Índice de Perspectivas do setor alcançou 46,8 pontos em janeiro deste ano, 0,2 ponto maior do que em dezembro de 2022. No entanto, o indicador ainda está abaixo dos 50 pontos, o que mostra que as perspectivas do empresário da pequena indústria não estão favoráveis para os próximos meses.

Para o economista Felipe Queiroz, esses indicadores demandam ações do governo, nos níveis federal e estadual, para estimular a confiança e a percepção dos empresários industriais.

“A confiança do industrial tem caído. Ele tem olhado e projetado um cenário não tão otimista. Isso vai demandar do governo federal e inclusive dos governos estaduais medidas de estímulo à produção, estímulo ao desenvolvimento industrial, para que essa percepção se altere, mude.”

Desempenho do setor

De acordo com o Panorama da Pequena Indústria, o Índice de Desempenho do setor fechou o quarto trimestre de 2022 com 44,3 pontos, uma queda de 3,1 pontos se comparado ao mesmo período de 2021 e de 3,3. A média histórica é de 43,8 pontos. 

Paula Verlangeiro explica que esse cenário é comum nessa época do ano. “Esse é um comportamento usual e esperado para o período, porque no final do ano a gente tem realmente uma desaceleração da atividade industrial e é comum, na análise da série histórica, ver que esse trimestre normalmente é um pouco mais desacelerado; tem uma queda em comparação aos demais trimestres do ano. Porém, se a gente comparar esse quarto trimestre de 2022 com outros anos, foi um resultado positivo.”

A expectativa da CNI para os próximos meses é de melhora do desempenho da Pequena Indústria e que a questão da falta ou alto custo da matéria-prima não volte ao ranking dos principais problemas do setor. “A tendência é que os empresários comecem a assinalar questões relevantes que eram recorrentes e que agora voltam ao topo do ranking”, afirma Paula Verlangeiro.

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