Ibovespa fecha 1º pregão do ano em queda de 3% após atos do novo governo; dólar sobe a R$ 5,36
O Ibovespa fechou em queda em seu primeiro pregão do ano e primeiro desde a posse do novo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O principal índice da bolsa brasileira registrou baixa de 3,06%, aos 106.376,02 pontos.
O mercado repercutiu o discurso do novo presidente ao assumir no domingo o comando do Palácio do Planalto pela terceira vez, voltando a criticar a regra do teto de gastos e prometendo revogá-la, ainda que tenha rejeitado fazer qualquer “gastança” e tenha prometido um governo responsável.
Nesta segunda-feira, Lula determinou a ministros que adotem providências para revogar atos que dão andamento à privatização de uma série de estatais, como Petrobras, Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA) e Correios. As ações ordinárias da petroleira encerraram o dia com 6,67% de desvalorização, enquanto as preferenciais com 6,45%.
No último dia 30, o presidente anunciou a indicação do senador Jean Paul Prates (PT-RN) para comandar a companhia em seu governo.
O dólar fechou em alta de 1,52% nesta segunda-feira (2), cotado a R$ 5,358, começando 2023 em alta em meio a receios do mercado financeiro sobre novas críticas ao teto de gastos e medidas para travar privatizações por parte do recém-empossado presidente.
Essa foi a maior valorização diária desde 25 de novembro (alta de 1,838%) e patamar de encerramento mais alto desde 28 de novembro (R$ 5,364).
Novo governo
Os mercados já antecipavam medidas do tipo uma vez que Lula sempre deixou claro ser contra privatizações, mas as notícias serviram de lembrete dos entraves que as pautas liberais devem enfrentar ao longo dos próximos quatro anos de governo.
Segundo Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital, a desidratação da PEC da Transição no Congresso tinha alimentado algum bom humor entre os investidores em dezembro, mas esse sentimento se reverteu no domingo com o discurso e as novas medidas de Lula. “O mercado já começou o ano com um balde de água fria.”
Nesta segunda-feira, o ministro da Fazenda Fernando Haddad afirmou que o arcabouço fiscal a ser apresentado neste semestre pelo governo precisa ser confiável e demonstrar sustentabilidade das finanças públicas, e que não aceitará um resultado fiscal neste ano que não seja melhor do que a atual previsão de déficit de 220 bilhões de reais.
No entanto, a falta de detalhes sobre a configuração do próximo arcabouço fiscal do país continua sendo motivo de desconforto no mercado financeiro.
Izac, da Nexgen, acrescentou que a possibilidade de que Haddad acabe aceitando “canetadas” de Lula, depois que o presidente prorrogou a desoneração de combustíveis apesar de posicionamento contrário de seu ministro, traz muita preocupação, principalmente na questão fiscal.
A saúde das contas públicas será o grande tema deste ano para o mercado de câmbio, segundo analistas, que também chamam a atenção para riscos externos, uma vez que o Federal Reserve deve continuar elevando sua taxa de juros de forma a combater a inflação.
Especialistas chamaram a atenção nesta segunda-feira para a liquidez reduzida, uma vez que os mercados de Estados Unidos e Reino Unido permaneceram fechados devido ao feriado do Ano Novo.
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