Japão vai dobrar gasto militar contra China e Coreia do Norte

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Com um olho na agitação política da China sob Xi Jinping e outro na crescente ameaça da ditadura da Coreia do Norte, o Japão disse nesta segunda (28) que pretende dobrar seu gasto militar nos próximos cinco anos.

O anúncio foi feito pelo ministro da Defesa, Yasukazu Hamada, após uma reunião com o premiê Fumio Kishida e o titular das Finanças, Sunhichi Suzuki. “Ele [Kishida] nos pediu para fazermos todos os esforços para garantir o financiamento necessário de forma rápida e firme”, disse.

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Segundo ele, a meta é atingir 2% do PIB (Produto Interno Bruto), o que é uma enormidade para a terceira maior economia do mundo, em termos nominais: sem coincidência, os maiores gastos são dos dois países à sua frente no ranking, China e Estados Unidos.

Segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (Londres), Tóquio gastou US$ 49,3 bilhões com defesa em 2021, o equivalente a 0,96% de seu PIB. A meta de 2% é o padrão determinado como desejado pela Otan, a aliança militar liderada pelos EUA no Ocidente. Nominalmente, é o oitavo maior orçamento militar do mundo, pouco mais do que o dobro do brasileiro.

Com a medida, Kishida consolida um caminho aberto por Shinzo Abe, primeiro-ministro de 2006 a 2007 e, depois, de 2012 a 2020. Mais longevo e influente premiê do país no pós-guerra, Abe já havia determinado um rumo mais militarista para o Japão —ele foi assassinado no ano passado durante um comício.

A partir de 2012, o patamar do gasto militar japonês já deu um salto de quase 20%. É uma virada na política tradicional do país após a derrota na Segunda Guerra Mundial. Como um protetorado americano, o país adotou uma Constituição pacifista, que veda Forças Armadas visando operações ofensivas.

Naturalmente, isso gerou muita tensão interna, entre os setores da população traumatizados pela destruição do país, inclusive com duas detonações atômicas pelos EUA, na guerra de 1941 a 1945. Por outro lado, o nacionalismo mais radical sempre foi muito forte, como a ligação de Abe com grupos de extrema direita e suas visitas constantes ao santuário de Yasukuni mostravam.

Situado em Tóquio, o Yasukuni é um templo xintoísta que honra 2,5 milhões de japoneses caídos em combate na Segunda Guerra, inclusive cerca de mil condenados por crimes de guerra.

A Guerra Fria 2.0, iniciada em 2017 pelo governo de Donald Trump como reação à ascensão de Xi como líder cada vez mais assertivo da China, determinou a aceleração do curso militarista. Naquele momento, o republicano não inspirava confiança entre os japoneses e outros aliados, como os sul-coreanos, e mesmo o tabu de desenvolvimento de armas nucleares foi enfrentado no debate público nesses países.

Sob o democrata Joe Biden, a partir de 2021, o jogo mudou, com os EUA atraindo de forma mais intensa os seus parceiros do Indo-Pacífico contra a China. Washington firmou um polêmico pacto militar com Austrália e Reino Unido e vitaminou o Quad, grupo que inclui justamente Washington, Tóquio, Nova Déli e Camberra numa aliança contra Pequim.

As ameaças de reintegração forçada de Taiwan à China e a repressão em Hong Kong acenderam sinais na região, assim como a aliança de Xi com a Rússia de Vladimir Putin, protagonista da grande guerra em curso na Ucrânia. Por outro lado, Pequim enfrenta um momento delicado interno, com problemas econômicos e os protestos contra a política de Covid zero do governo, e tem aberto canais mais amplos com os americanos —inclusive com o primeiro encontro Xi-Biden.

Nesse sentido, o Japão também pode estar se antecipando a uma eventual reaproximação entre EUA e China, visando garantir seus interesses.

A saída de Abe do poder, em 2020, e o curto reinado de seu sucessor Yoshihide Suga abriram caminho para Kishida. Além do temor atávico acerca das intenções do colosso chinês do outro lado do mar do Japão, Tóquio também tem preocupações crescentes com a península coreana.

Em mais de uma ocasião neste ano, a Coreia do Norte testou mísseis balísticos que cruzaram o norte do território japonês, gerando alerta em localidades na ilha de Hokkaido. A retórica agressiva de Pyongyang, detentora de armas nucleares, visa forçar os EUA a sentar à mesa de negociação para aliviar as sanções contra a ditadura de Kim Jong-un.

O perigo percebido em Tóquio é o de não apresentar uma força dissuasória suficiente para enfrentar Kim, que vê os japoneses como sócios minoritários e mais fracos no arco de alianças dos americanos. O aumento do gasto, que já segue um programa de rearmamento em curso desde 2019, vem ao encontro disso também.

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