Ataques de Lula ao Banco Central podem prejudicar a economia

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A consultora econômica da Gibraltar Consulting, Zeina Latif, acredita que os ataques do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à autonomia do Banco Central (BC) podem gerar consequências negativas para a economia brasileira. A economista conversou com Oeste no sábado 20, na LibertyCon Experience, no Recife.

Para Zeina, o governo Lula não possui um programa sólido para a economia. Ela disse também que rechaça a discussão política em torno da autonomia do BC e da taxa de juros. “A política monetária do Banco Central foi lamentavelmente politizada”, criticou. “Era para ser uma discussão entre o Ministério da Fazenda, o Ministério do Planejamento e o Banco Central. Não há problema nesse diálogo, mas isso não deveria ser uma pressão pública. Isso é contraproducente para a política monetária, porque, quanto mais pressão existe, mais esse fator acaba alimentando esse aumento das expectativas inflacionárias.”

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A economista também lembrou da importância da autonomia do Banco Central. “Em 1986, houve a proibição de o BC financiar políticas públicas”, disse. “Depois, tivemos a Lei de Responsabilidade Fiscal, que proibiu o Banco Central de autorizar financiamentos dos governos. Isso trouxe um amadurecimento no Brasil. Esse debate de colocar na lei a autonomia do BC foi fruto desse processo. Apesar de o assunto estar agora politizado, apesar de a gente saber que uma parcela da classe política é contra a autonomia, o fato é que ela não foi resultado de uma canetada — algo que não teve debate. Houve um processo de amadurecimento desde os anos 1980, que teve um passo enorme com o Plano Real.”

Apesar da pressão do governo Lula, a economista rechaça a possibilidade de reversão da autonomia da instituição presidida por Roberto Campos Neto.

Mais críticas ao governo Lula

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto | Foto: José Dias/PR

Na entrevista, Zeina lembrou também das críticas do governo à taxa de juros, fixada em 13,75%. De acordo com a economista, o governo tem de apresentar propostas efetivas para a redução de juros.

“O governo não conseguiu ainda apresentar uma proposta de agenda econômica consistente”, disse. “Aumentar gasto público não é plano de governo. Falta uma agenda coerente para lidar com os desafios do país, e a gente ainda não tem muita clareza disso. As críticas ao Banco Central revelam uma fraqueza do governo em ter de fato um plano estruturado de agenda econômica.”

Zeina avalia que os juros vão cair no curto prazo. Contudo, existe uma questão maior em torno da taxa de juros para o futuro, cuja responsabilidade do governo é ainda maior. “A redução vai ocorrer, seja mais cedo ou mais tarde”, afirmou. “O que cabe a um governo é trabalhar para que os juros estruturais no país sejam mais baixos, porque esse timing, se vai ser dois meses para lá, dois para cá, traz pouca implicação na economia. É necessário criar esse alicerce, começar pela arrumação das contas públicas.”

Sobre o arcabouço fiscal, a economista avalia que a proposta apresentada pelo governo Lula não tem potencial de gerar limitação dos gastos públicos, diferentemente do teto de gastos, aprovado em 2016. “O arcabouço fiscal é muito complexo, de difícil compreensão — o que dificulta o chamado controle social, com monitoramento pela imprensa e analistas”, alerta. “A título de comparação, a regra do teto tinha duas páginas. A nova regra fiscal, 14. Além disso, a necessidade de elevar a arrecadação tributária não gera a esperada previsibilidade dos indicadores fiscais, ingrediente essencial para a formação de expectativas na economia. Considerando os muitos compromissos de elevação de gastos do governo, como o aumento real do salário mínimo, o arcabouço não se mostra como sinalizador de uma estabilização da dívida pública como proporção do PIB, o que dificulta um cenário de juros baixos no país.”

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