O PT vem produzindo farto material para destilar o ódio contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
O partido criou até um link especial em seu site oficial na internet para desqualificar o economista e a instituição “Banco Central de Bolsonaro: o sabotador da economia brasileira”, onde são exibidos vídeos e textos do partido contra o economista.
Entre as estrelas dos vídeos estão a presidente do partido, a deputada Gleisi Hoffmann, que acusa o BC de “sabotar” o país.
O problema é que o PT, na ânsia de tentar desmoralizar o presidente do BC, vem produzindo notícias distorcidas. Em uma de suas últimas produções, uma matéria publicada no site do partido diz textualmente.
“Farra rentista: gasto com juros da dívida dispara e limita investimentos federais”.
O PT ressalta que “Os lucros exorbitantes dos especuladores são garantidos pelos altos patamares da Selic, que o presidente do Banco Central, o bolsonarista Roberto Campos Neto, insiste em manter”.
Taxa Selic vem caindo desde o início do governo Lula
Há inverdades nas colocações do PT. Em primeiro lugar, Campos Neto não insiste em manter a Selic em patamares altos.
No início do ano passado, o primeiro ano deste mandato de Lula, a Selic estava em 13,75% ao ano e hoje está em 11,75% ao ano.
Em segundo lugar, Campos Neto não é a única autoridade responsável pela queda da Selic. Quem determina a queda da Selic é o Conselho de Política Monetária, o Copom.
O Copom é formado por oito diretores e pelo presidente do BC.
O colegiado se reúne a cada 45 dias para definir a taxa de juros do país, a Selic, que é usada para controlar a inflação.
Dois diretores do BC que participam do Copom foram nomeados pelo presidente Lula.
O voto de Campos Neto, sozinho, não decide nada. O voto do presidente do BC tem o mesmo valor que o voto dos outros diretores.
A partir de uma matemática simplista, o PT sustenta que os gastos com juros da dívida dispararam e acabaram limitando investimentos federais.
Uma suposta “farra rentista”, que seria culpa do BC e seu presidente.
Um economista que já teve assento na direção de um banco oficial na gestão petista disse a VEJA que o raciocínio do partido para tentar desqualificar Campos Neto está errado.
A taxa de juros elevadas está associada à necessidade de o governo se financiar.
Porque gasta mais do que arrecada, diz ele: “Se o governo gastasse menos do que arrecada, teria uma poupança para investir”.
Para denegrir a imagem de Campos Neto, o PT sustenta que a geração de postos de trabalho poderia ser ainda maior não fosse a pressão dos gastos do governo sobre o orçamento federal.
O economista que já foi do staff governamental acredita que a geração de empregos seria bem maior se o país tivesse gente com preparo educacional e formada em setores onde falta mão-de-obra especializada, como no mundo digital.
O PT também culpa o BC pela suposta transferência de recursos públicos para “camadas mais abastadas da sociedade.
Em detrimento das políticas voltadas aos brasileiros de menor renda”.
O partido despreza que a concentração de renda está associada a diversos fatores, entre eles a baixa produtividade da economia.
Um dos piores cenários para o aumento da concentração de renda, diz o economista, é justamente o aumento da inflação, que o BC vem conseguindo conter.
Roberto Campos Neto não é o único alvo do PT e de Gleisi Hoffmann no site oficial do partido.
VEJA mostrou que a presidente do partido e a legenda escondem conquistas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como a reforma tributária.
