Conhecida por ser uma espécie de capital nacional do espírito festivo, Salvador tem experimentado um clima bem diferente.
Com moradores da cidade e da região metropolitana acuados em meio a uma das maiores ondas de violência da história do estado, provocada por conflitos entre facções criminosas na disputa por nacos do território.
O clima de terror mudou completamente a rotina por lá.
ulas foram suspensas em escolas e universidades devido aos constantes tiroteios entre os bandidos.
Estabelecimentos comerciais e unidades de serviços básicos, por sua vez, são obrigados a fechar as portas em meio a toques de recolher.
Comunidades ficam sitiadas e os moradores que podem batem em retirada.
A atual crise de segurança vem gerando graves estragos políticos.
Estão sob enorme pressão o governador Jerônimo Rodrigues, do PT, e seu secretário de Segurança Pública, Marcelo Werner.
Resta o desafio de fazer frente às cinco facções criminosas que se digladiam no momento. Há disputas por poder entre gangues como as do Comando Vermelho e do PCC.
Uma das apostas em curso para tentar restabelecer a paz, colocando fim aos tiroteios, é um convênio de cooperação entre o governo baiano e a Polícia Federal, focado em serviços de inteligência para tentar enfraquecer o poderio das gangues.
No início da atual crise, aliás, foi o próprio Jerônimo Rodrigues quem deu munição aos que o acusam de tentar minimizar o caso, dizendo que a Bahia tinha apenas um problema: de comunicação.
“Todos os dias a gente ouve nas TVs um massacre, como se a gente tivesse a pior segurança pública do mundo, nós não podemos acolher isso com tranquilidade”, afirmou.
Procurado por VEJA, o governador não quis conceder entrevista. Seu antecessor, o hoje ministro Rui Costa, também do PT, enfrentou problemas semelhantes na área de segurança, mas em uma escala menor que a atual.
Ele recebeu críticas ao tentar justificar as violentas ações da polícia estadual.
“É como um artilheiro em frente ao gol”, afirmou em 2015, ao se referir à atuação de PMs em uma operação que resultou na morte de doze pessoas em Salvador.
Naquele mesmo ano, a polícia de Costa matou outros 342 suspeitos. Sete anos depois, o último de seu segundo governo, contabilizavam-se 1 464 mortes em confrontos.
