Lei Rouanet emudece artistas com maior valor aprovado na história
Enquanto a Amazônia arde em chamas, a classe artística do país permanece notavelmente calada, em um silêncio que ecoa pela nação. Os dados alarmantes sobre as queimadas na região amazônica, divulgados pelo observatório climático europeu Copernicus e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), revelam uma situação de emergência ambiental que clama por atenção e ação imediata.
No estado de Roraima, por exemplo, as queimadas representaram quase metade do total registrado no país em janeiro, segundo o INPE. Em fevereiro, a situação se agravou ainda mais, com um aumento exponencial no número de focos de incêndio, alcançando níveis alarmantes e históricos. A fumaça proveniente desses incêndios cobriu cidades inteiras, enquanto milhares de hectares de floresta foram consumidos pelo fogo, conforme relatos do Mapbiomas.
Diante desse cenário de destruição ambiental sem precedentes, seria de se esperar que a classe artística, historicamente engajada em questões sociais e ambientais, se manifestasse de forma contundente. No entanto, o que se observa é um silêncio ensurdecedor por parte de muitos artistas, que parecem alheios ou indiferentes à gravidade da situação.
Paralelamente a essa tragédia ambiental, surge uma outra questão que tem levantado polêmica e indignação: o recorde de recursos aprovados via Lei Rouanet para o setor cultural. Em 2023, o governo petista destinou um montante sem precedentes de R$ 16,5 bilhões através dessa lei de incentivo fiscal, um valor mais de quatro vezes superior ao aprovado no governo anterior.
Essa aparente contradição levanta questionamentos sobre o verdadeiro propósito por trás do uso massivo de recursos da Lei Rouanet. Seria esse um mecanismo utilizado pelo governo para silenciar os artistas, desviando sua atenção e energia de questões urgentes e relevantes, como a preservação da maior floresta tropical do mundo?
A ironia desse cenário não passa despercebida: enquanto se paga “bem” para que os artistas permaneçam em silêncio, o pulmão do planeta queima impiedosamente, sem que haja uma trilha sonora capaz de expressar a tristeza e a urgência da situação.
Este é, sem dúvida, o maior “cala boca” da história, uma manipulação cínica que coloca em xeque não apenas a integridade do sistema de incentivo à cultura, mas também a consciência e a responsabilidade social daqueles que têm o poder de fazer a diferença através de suas vozes e talentos.
Enquanto a Amazônia queima, o silêncio dos artistas ressoa como um grito abafado, ecoando a urgência de uma mudança de paradigma e de uma mobilização coletiva em defesa do nosso patrimônio natural e cultural.