Com surpresa da filha, idosa realiza sonho de nadar no Colégio Estadual do Paraná após 54 anos

A surpresa foi elaborada pela filha Ariadne Zippin, de 50 anos, que sabia do sonho da mãe de revisitar o local.

“Não pude deixar de ir atrás e realizar, as portas se abriram e deu tudo certo. Não podemos julgar o sonho das pessoas, porque para alguns, nadar no colégio pode ser uma coisa tão pequena, mas pra minha mãe era tudo”, disse.

A família levou a aniversariante até a escola e contou que ela conheceria a piscina, mas que não poderia entrar. Contudo, a surpresa ficaria para o final do passeio.

No decorrer da visita, Anita relembrou os velhos tempos e reacendeu as lembranças que moldaram a juventude.

Conheceu o Centro de Memórias da escola, que guarda objetos de estudos utilizado na época em que era estudante, reconheceu ex-professores em fotografias e vestiu até o uniforme que era utilizado quando frequentava o maior e o mais antigo colégio público do Paraná, situado no bairro Alto da Glória.

Contudo, estava ansiosa para chegar na área onde ficam as piscinas.

“Meu sonho era voltar uma vez que fosse à piscina do Colégio Estadual do Paraná. Um colégio que vive no meu coração”, falou.

Ela contou que, quando estudava, havia dois tipos de modalidade nas aulas de Educação Física, fazer exercícios ou nadar.

Ela disse ainda que, por conta do frio de Curitiba, poucas pessoas escolhiam tomar banho de piscina.

“Eu tinha uma colega só que vinha comigo. Quando a professora deixava, nós saíamos nadando mesmo que a água estivesse congelante. Desde então comecei a praticar natação”, contou.

Em meio a um clima carregado de emoção, Anita contou que foi naquela escola que conheceu seu primeiro namorado e futuro esposo, Marco Monteiro. Naquele período os meninos e as meninas estudavam em turnos diferentes. O casal se formou em 1969.

“Nós não podíamos nos ver. Eu deixava bilhete na carteira pra ele e ele deixava pra mim”, contou enquanto passeava pelos corredores do colégio.

Anita cursou direito e jornalismo, atuou em diversos jornais e revistas do Paraná, Brasil e Argentina. Contou com orgulho que publicou 3 mil crônicas durante a carreira.

Também atuou como assessora jurídica por 37 anos, no Tribunal de Justiça.

A arte fez e faz parte de toda a vida de dona Anita. Ama cinema, é autora de livros e atualmente é presidente da Academia de Letras José de Alencar, em Curitiba.

Além disso, atuou em variados setores da sociedade curitibana.

Mas também é mãe de Ariadne e Rodrigo e avó de Luiza e Rafaela. Anos depois, casou-se com Geraldo Herbert Fuchs.

Anita é aposentada, mas não gosta de ficar parada. Ela contou que nada 4.500 metros por dia na piscina do clube que frequenta, faça chuva ou faça sol. O presente de aniversário que ela ganhou não poderia ser mais significativo.

“Ela me disse: ‘Filha, foi o melhor presente que ganhei em toda a minha vida’. Tão simples”, relatou Ariadne.

O dia estava nublado, com garoa e frio, mas isso não desanimou Anita. Ela levou na bolsa um maiô, a touca e o óculos de natação, mas acreditava que era apenas para fazer uma foto.

Ao chegar próximo à piscina, a emoção tomou conta. Voltou para o vestiário e colocou a roupa de natação.

Caminhou na borda, fez pose para foto e pediu para colocar o pé na água. Foi então, que ela foi convidada à nadar e mergulhou nas águas com um sorriso que poderia iluminar até o dia mais nublado.

“Hoje pude cumprimentar vocês dentro da água e estou fortalecida, querendo mais e mais anos de vida, bem vivida. […] É pura emoção, é como se eu voltasse no tempo e tivesse 16 anos”, completou.

Além do mergulho, dona Anita ganhou um boletim somente com notas boas e um roupão com a frase que carrega na vida: “Viva a vida, bem vivida”.

Por fim, a família cantou os parabéns e dona Anita recitou o hino do Colégio Estadual do Paraná, que guardou na memória mesmo depois de tantos anos.