Criticada na Copa do Catar, dança ao marcar gols não é exclusividade do Brasil
A dança entrou na cultura brasileira pela fusão das culturas indígenas, africanas e portuguesa. Hoje, tem como tipos emblemáticos internacionalmente o funk e o samba. Assim como a dança, o futebol é multicultural, e não é exclusividade do brasileiro dançar ao comemorar gols. Em 1990, Roger Milla fazia história ao eliminar a Colômbia e levar Camarões às quartas de final na Copa da Itália. Na comemoração de seus dois gols na prorrogação bailou em frente À bandeirinha de escanteio. Ronaldinho Gaúcho passou boa parte de sua carreira sambando em terras europeias, como na Itália. O mesmo aconteceu com a Colômbia, em 2014, na Copa do Mundo, com o ex-jogador palmeirense Pablo Armero e o jogador James Rodríguez. Ou também com jogadores como o argentino Papu Gómez, que criou seu ritmo e ganhou até música “Baila como el Papu”, e Antoine Griezmann, francês que tem em seu repertório de comemorações diversas danças. Neste ano, o brasileiro Vinícius Júnior foi vítima de racismo na Espanha por comemorar seus gols dançando. Na época, uma onda de mensagens tomou as redes sociais com a tag #BailaViniJunior.
No duelo contra o Atlético de Madrid, Rodrigo, colega de Vini no Real Madrid, marcou gol e bailou junto de seu companheiro em pleno estádio rival. Em meio às polêmicas, Vini Jr. mandou um recado e avisou que não vai parar de dançar em comemorações: “Há semanas, começaram a criminalizar as minhas danças, danças que não são minhas, são do Ronaldinho, do Neymar, do Paquetá, do Pogba, do Matheus Cunha, do Griezmann e do João Félix, dos funkeiros e sambistas brasileiros, dos cantores latinos do reggaeton e dos pretos americanos. Aceitem, respeitem ou surtem. Eu não vou parar”.
As danças continuaram e, desta vez, não só Vini, mas também o elenco todo e o técnico da Seleção Brasileira, Tite, foram alvos de críticas de Roy Keane, ex-jogador que enxerga como desrespeitoso dançar após marcar um gol. Tite, que fez a “dança do pombo” com e Richarlison, respondeu com propriedade e valorizou a cultura nacional da dança: “Eu lastimo muito e não vou ficar fazendo comentários para quem não conhece a história brasileira, a cultura do Brasil, a forma, o jeito de ser de cada um. Então, a esses, um ruído a parte. Eu quero ter a conexão com o meu trabalho, com as pessoas que se identificam comigo, com quem se identifica com o meu trabalho, quem sabe do meu respeito, quem sabe da minha história. Então, a essas eu dou a minha a atenção e o meu coração. Até porque ela é muito discreta e vai continuar sendo, porque eu respeito a minha cultura e da equipe com a qual eu estou trabalhando, porque é a nossa forma de ser. Em termos culturais, que a gente possa ajudar também na educação desses meninos da escola. Nós vamos continuar sendo do nosso jeito”, declarou o técnico.
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